Quando estudamos as relações entre trabalho, saúde e subjetividade, um fenômeno que costuma chamar a nossa atenção são os atos extremos cometidos no ambiente de trabalho. Um deles, e talvez um dos mais significativos e ilustrativos das contradições das relações de trabalho contemporâneas, são os suicídios no trabalho.
Christophe Dejours, sobre o qual já falei um pouco aqui no blog, forneceu uma excelente entrevista que está disponível no site do periódico Público de Portugal. No depoimento, o psiquiatra, psicanalista e professor no Conservatoire National des Arts et Métiers – Cnam, em Paris, traz à tona o impacto das ‘supostamente’ inovadoras organizações do trabalho, a relação do suicídio no trabalho com o assédio moral e a forma pela qual as empresas lidam com isso.
O principal, Dejours aponta alguns caminhos e traz elementos para pensarmos nossa atuação nas instituições.
O suicídio ligado ao trabalho é um fenômeno novo?
O que é muito novo é a emergência de suicídios e de tentativas de suicídio no próprio local de trabalho. Apareceu em França há apenas 12, 13 anos. E não só em França – as primeiras investigações foram feitas na Bélgica, nas linhas de montagem de automóveis alemães. É um fenómeno que atinge todos os países ocidentais. O facto de as pessoas irem suicidar-se no local de trabalho tem obviamente um significado. É uma mensagem extremamente brutal, a pior do que se possa imaginar – mas não é uma chantagem, porque essas pessoas não ganham nada com o seu suicídio. É dirigida à comunidade de trabalho, aos colegas, ao chefe, aos subalternos, à empresa. Toda a questão reside em descodificar essa mensagem.
Leia a entrevista disponível aqui.
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