Você certamente já ouviu falar em taylorismo, fordismo e linhas de produção. Já deve ter visto alguém comentar sobre pressão por produtividade e alienação no trabalho, ou mesmo aquela história de querer transformar o homem em máquina.
Tudo isso não está muito longe da nossa casa. O documentário “Carne, Osso” (2011) retrata a dura realidade do trabalho nas indústrias frigoríficas no Brasil, e traz à tona a conflituosa discussão sobre precarização das condições de trabalho, saúde e segurança ocupacional.
Longas jornadas de trabalho. Risco de acidentes. Doenças causadas por atividades repetitivas. Incapacidades irreversíveis. Estes são apenas alguns dos elementos presentes em um documentário bem produzido e honesto sobre o processamento de carnes no país.
Ao mostrar as atividades sendo executadas e abrir espaço para relatos instigantes, e por vezes comoventes dos trabalhadores, o filme possibilita ao telespectador compreender, mesmo que superficialmente, a complexa realidade laboral daquelas pessoas.
Realidade esta não apenas composta pelas condições de trabalho, mas pelo contexto social, econômico e político, atravessado por uma lógica de produção questionável, com a qual infelizmente – e às vezes involuntariamente – colaboramos.
Já discuti aqui no blog as Clínicas do Trabalho. Para quem se interessa pelos temas que envolvem a produção de saúde ou doenças nas situações de trabalho, ou mesmo para quem busca rever alguns hábitos, o filme é um prato cheio – me perdoem o duplo sentido.
Obs. O documentário possui imagens fortes.
Ficha técnica – Carne, Osso
Duração: 65 minutos (52 minutos, na versão para TV) / Direção: Caio Cavechini e Carlos Juliano Barros / Roteiro e edição: Caio Cavechini / Fotografia: Lucas Barreto / Pesquisa: André Campos e Carlos Juliano Barros / Produção Executiva: Maurício Hashizume / Realização: Repórter Brasil, 2011
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